Imagine colocando nele a maldade, o mal humor, os sofrimentos, as mágoas, as amarguras, as angústias, as tristezas, a depressão, os pensamentos ruins seus e de outros contra você, o negativismo, de tal forma que permaneçam consigo somente as virtudes, como amor, felicidade, bondade, caridade, perdão, paz.
Em um riacho ou até mesmo no rio ou mar, onde tem água corrente, coloque o barco para navegar, de tal forma que irá para longe de você.
Inspira e diz:
_ Deus leve este barco para bem longe de mim, até que se dissipe, juntamente com tudo que está em seu interior.
Em seguida, expira e diz:
_ Graças a Deus.
Se não souber fazer um barco de papel, use uma folha de árvore.
Certamente, ficará muito Feliz!
(Marcos Alves de Andrade)
Parte desta reflexão motivacional foi publicada também, com outra imagem, no Pensador
Na aconchegante casa de Dona Matilde havia um silêncio sereno todas as manhãs, mas um ritual sagrado de luz e afeto. O relógio de parede, com seu característico som de "tic-tac", marcador do tempo, com um ritmo constante que acompanhava a passagem dos momentos, marcava as primeiras horas do dia. O som dos passarinhos que vinham das árvores vizinhas anunciava que a vida estava despertando.
Dona Matilde, com sua rotina calma e cheia de carinho, levantava-se sempre no mesmo horário. Ajeitava os cabelos brancos em um coque e caminhava lentamente até a sala. Os primeiros raios de sol mal se atreviam a espreitar por entre as frestas das cortinas da janelas, já era possível ouvir o som suave dos chinelos de Dona Matilde a roçar o chão de madeira.
A sala, com seus móveis de madeira, sofá e almofadas coloridas, era o palco principal daquele espetáculo matinal. A cachorrinha Lica, de pelos fofos e brancos como nuvens e olhos de jabuticaba, já estava ali a postos, com o rabinho a abanar em antecipação. Ela sabia exatamente o que viria a seguir.
Diante da grande janela, com um movimento gentil, Dona Matilde puxava a cordinha da cortina. O sol, tímido no começo, como um holofote dourado, derramava seus primeiros raios sobre o chão de madeira, desenhando quadrados perfeitos. A luz suave e calorosa preenchia cada canto, espantando as sombras da noite. Se o dia estivesse bonito, e não houvesse sinais de chuva, ela também abria a janela. Uma brisa suave vinha carregada do perfume das flores do jardim e do frescor das árvores ao redor.
Assim que via a cortina se mover, ao ver a luz, Lica soltava um latido de alegria. Era o seu sinal. A festa começava. Ela corria de um lado para o outro, os pelos balançando como se dançassem. Dava voltas ao redor do sofá, pulava sobre ele com a agilidade de um esquilo, e depois descia, correndo em círculos novamente. Sua alegria era contagiante, um verdadeiro espetáculo de pura felicidade canina. Seus olhinhos brilhavam como se agradecessem pelo simples gesto da Dona Matilde.
Dona Matilde sorria, encantada com a festa diária. Depois de um tempo, Lica diminuía o ritmo. O sol entrava mais forte, a brisa já enchia a casa, e então, como parte de um ritual sagrado, a cachorrinha deitava-se no chão, bem no quadrado que o sol desenhara. Com um suspiro de satisfação, ela se virava, revelando a sua barriguinha branca. Aquele era o ponto alto do ritual. Lica esperava pacientemente. Ali ficava, imóvel, mas com o rabinho ainda abanando. Era seu pedido silencioso, mas cheio de ternura: um carinho na barriga.
Dona Matilde, compreendendo o pedido silencioso, se ajoelhava ao lado dela. Com as pontas dos dedos, ela começava a fazer afagos suaves na barriga da cachorrinha. Os movimentos eram lentos e ritmados, transmitindo todo o carinho que Dona Matilde sentia por sua companheira. Lica, por sua vez, fechava os olhos, a perninha traseira batendo no ar em um movimento de pura satisfação. Um sorriso, que só os cães podem expressar, se espalhava pelo seu focinho. Era a sua forma de dizer "obrigada" por aquele momento de paz e amor. Cada afago era um elo de amor, uma conversa sem palavras, uma promessa silenciosa de cuidado e companhia.
Enquanto fazia carinhos, Dona Matilde pensava no quanto aquela pequena criatura transformava seus dias. Depois que os demais moradores iam trabalhar ou estudar, a casa ficava grande demais, silenciosa demais. Mas a presença de Lica trazia vida e cor. Era como se, a cada manhã, a cachorrinha lhe lembrasse que diariamente havia beleza nos pequenos gestos e alegria nas rotinas mais simples. O carinho mútuo entre as duas era palpável. Era a prova de que as pequenas coisas da vida são as mais importantes: a luz do sol, a brisa fresca e a certeza de ter alguém que te ama.
Após alguns minutos de afagos, Dona Matilde se levantava, com calma, coração aquecido. “Agora chega, minha pequena, é hora do café”, dizia ela, enquanto caminhava para a cozinha. Lica, satisfeita, virava de lado, espreguiçava-se e a seguia com passinhos leves, como quem não queria perder a dona de vista.
Na cozinha, o cheiro do café fresco começava a invadir a casa, misturando-se com o perfume da brisa e com o calor do sol que entravam pela janela. Dona Matilde sorria novamente. Lica, ainda deitada no sol, a observava, com a certeza de que a cada novo amanhecer, o ritual de amor e luz se repetiria.
E assim, todos os dias, a casa de Dona Matilde se enchia de luz, de aromas e, acima de tudo, do amor incondicional que cabia no coração pequeno, mas imenso, da cachorrinha Lica.
Versão em prosa poética do conto:
A cachorrinha Lica, alegria de Dona Matilde
Na casa de Dona Matilde, as manhãs nascem com calma.
O sol, tímido, abre caminhos pela cortina, e o vento traz perfumes de jardim.
Nesse instante sagrado, Lica desperta, dançando com o rabinho, celebrando a vida que recomeça.
O silêncio se enche de movimento.
Entre passos lentos e o calor da luz dourada, surge o espetáculo da amizade.
Lica gira, salta, corre em círculos, como se cada gesto fosse música.
Dona Matilde sorri, e o coração se aquece na simplicidade do instante.
Quando o sol desenha no chão seu tapete de luz,
a cachorrinha Lica se deita, oferenda de ternura.
Mostra a barriga, olhos fechados, confiança inteira.
E Dona Matilde, ajoelhada, responde com afagos:
um diálogo sem palavras, onde só o amor fala.
Assim, todos os dias, o ritual se repete.
O café perfuma a cozinha, a brisa enche a sala, e o tempo se veste de paz.
Na companhia de Lica, a vida lembra, em sussurros: