REFLEXÕES PARA TODOS: O Canto do Sabiá, Conto, Poema, Vídeo

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O Canto do Sabiá, Conto, Poema, Vídeo




O CANTO DO SABIÁ


Na varanda florida de sua casa, Dona Marilda desfrutava da brisa matinal. Seus olhos, sempre atentos à vida ao redor, pousaram em um sabiá-laranjeira, a ave símbolo do Brasil, empoleirado nos galhos frondosos da mangueira. O sabiá, com seu peito alaranjado e canto melodioso, parecia, no entanto, um tanto inquieto.


"Que será que aflige este passarinho tão lindo?", pensou Dona Marilda, observando a ave que ora cantava com veemência, ora olhava com desconfiança para a varanda. De repente, um pequeno movimento entre as folhas revelou o motivo da apreensão do sabiá: um ninho delicadamente construído, e dentro dele, pequenos filhotes de bico aberto, esperando por alimento.


O coração de Dona Marilda se encheu de ternura. Compreendendo o instinto protetor da mãe sabiá, ela se levantou e foi até a cozinha. Com um sorriso no rosto, pegou algumas frutas frescas – uma banana madura e fatias suculentas de laranja – e as colocou cuidadosamente na mureta da varanda.


Não demorou muito para o sabiá, ainda com um pé atrás, se aproximar. Com um movimento rápido e preciso, ele picou um pedaço da banana, depois da laranja, e carregou os pequenos bocados em seu bico, voando de volta para o ninho. Dona Marilda observou, emocionada, a cena da mãe alimentando seus filhotes famintos.


Após saciar a fome dos pequeninos, o sabiá retornou ao galho. Mas, desta vez, seu canto era diferente. Não havia mais a nota de preocupação, apenas uma melodia pura e alegre, que ecoava pela varanda e parecia abraçar Dona Marilda. Era um canto de gratidão, um agradecimento singelo pela gentileza e compreensão de uma alma humana. E assim, na simplicidade daquela manhã, a conexão entre a natureza e o coração generoso de Dona Marilda se fez sentir, através da melodia inesquecível do sabiá-laranjeira.



Abaixo, o Poema, inspirado no conto.



O CANTO DO SABIÁ


Na varanda de flor enfeitada,
Marilda sentia o frescor da manhã,
E viu na mangueira empoleirada
A ave que ao céu seu canto lançava vã.


Mas havia nos olhos do passarinho
Um brilho de medo, de proteção —
No ninho escondido, no galho fininho,
Choravam filhotes em fome e aflição.


Com frutas nas mãos e alma tocada,
Ela estende ao sabiá sua doação,
E a ave, em resposta delicada,
Reparte os pedaços com precisão.


O silêncio se quebra em melodia,
Agora serena, sem hesitação —
É o canto mais puro de alegria,
Um hino suave de gratidão.


E ali, na simplicidade da cena,
Marilda sorri, sem dizer nada —
Pois entre o humano e a natureza amena,
Nasce uma paz encantada.


(Marcos Alves de Andrade)


Vídeo do Sabiá




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