REFLEXÕES PARA TODOS: A Mãe Bem-te-vi, seu filhote e Dona Matilde, conto, poema e vídeo

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A Mãe Bem-te-vi, seu filhote e Dona Matilde, conto, poema e vídeo





A Mãe Bem-te-vi, seu filhote e Dona Matilde


Na manhã clara e azulada, Dona Matilde preparava seu café quando ouviu o conhecido canto:
Bem-te-vi!”
Era a visita esperada. No cano para escoar água de chuva do telhado, bem rente à sua janela, pousava uma mãe bem-te-vi acompanhada de um filhote curioso e ainda meio desajeitado.


Dona Matilde sorria. Já fazia semanas que a ave aparecia ali, sempre na mesma hora, sempre do mesmo jeito. Mas naquele dia havia algo diferente: o pequeno pássaro ao lado da mãe parecia hesitante, olhando tudo com olhos atentos e nervosos.


A mãe bem-te-vi cantava baixinho, como se dissesse:
“Está vendo, meu filho? É aqui que mora a senhora que deixa comida para nós. Ela não nos faz mal. Pelo contrário, é amiga.”


Dona Matilde, com sua calma de quem conhece o tempo e os animais, colocou um pouco de mamão bem maduro no beiral da janela. Fez isso devagar, sem barulho, como quem respeita o sagrado momento de uma lição.


O filhote bicou o ar, desconfiado, mas a mãe insistia com o olhar e com a postura firme de quem ensina algo importante. E então, com um pulinho tímido, ele avançou alguns centímetros, pousou no beiral e experimentou o doce fruto deixado ali.


Ao fundo, a cidade seguia seu ritmo: ônibus passavam, lojas abriam as portas, crianças corriam para a escola. Mas naquela janela, em meio aos sons do cotidiano, havia silêncio e aprendizado.


Era como se o tempo tivesse parado por um instante para assistir àquela cena de confiança e gratidão. A mãe bem-te-vi deu mais um canto suave e, juntos, os dois alçaram voo, deixando Dona Matilde com o coração aquecido.


No dia seguinte, talvez voltassem. Ou talvez o filhote já se aventurasse sozinho. Mas naquele momento, a janela daquela casa simples tinha se tornado um elo entre mundos – o dos homens e o dos pássaros.


E tudo começou com um pedaço de fruta e um gesto de gentileza.



Abaixo, o Poema, inspirado no conto.


A Mãe Bem-te-vi, seu filhote e Dona Matilde


Na janela de Dona Matilde,
Uma mãe bem-te-vi veio pousar,
Com seu filhote ao lado,
Querendo o mundo ensinar.


— “Não temas essa senhora,
Ela é boa, vai cuidar.
Todo dia põe com carinho
Um frutinho pra nos dar.”


O filhote olhou, curioso,
E no beiral foi bicar.
Aprendeu ali, com a mãe,
Que há humanos de se amar.


E ao fundo, a cidade seguia,
Com seu ritmo a rodar...
Mas naquela doce janela,
Dois mundos vieram se encontrar.


(Marcos Alves de Andrade)


Vídeo da mãe bem-te-vi e seu filhote: 



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