A Mãe Bem-te-vi, seu filhote e Dona Matilde
Dona Matilde sorria. Já fazia semanas que a ave aparecia ali, sempre na mesma hora, sempre do mesmo jeito. Mas naquele dia havia algo diferente: o pequeno pássaro ao lado da mãe parecia hesitante, olhando tudo com olhos atentos e nervosos.
Dona Matilde, com sua calma de quem conhece o tempo e os animais, colocou um pouco de mamão bem maduro no beiral da janela. Fez isso devagar, sem barulho, como quem respeita o sagrado momento de uma lição.
O filhote bicou o ar, desconfiado, mas a mãe insistia com o olhar e com a postura firme de quem ensina algo importante. E então, com um pulinho tímido, ele avançou alguns centímetros, pousou no beiral e experimentou o doce fruto deixado ali.
Ao fundo, a cidade seguia seu ritmo: ônibus passavam, lojas abriam as portas, crianças corriam para a escola. Mas naquela janela, em meio aos sons do cotidiano, havia silêncio e aprendizado.
Era como se o tempo tivesse parado por um instante para assistir àquela cena de confiança e gratidão. A mãe bem-te-vi deu mais um canto suave e, juntos, os dois alçaram voo, deixando Dona Matilde com o coração aquecido.
No dia seguinte, talvez voltassem. Ou talvez o filhote já se aventurasse sozinho. Mas naquele momento, a janela daquela casa simples tinha se tornado um elo entre mundos – o dos homens e o dos pássaros.
E tudo começou com um pedaço de fruta e um gesto de gentileza.
Abaixo, o Poema, inspirado no conto.
A Mãe Bem-te-vi, seu filhote e Dona Matilde
(Marcos Alves de Andrade)
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