REFLEXÕES PARA TODOS: O Casal de Seriemas do Alto da Cerca (conto); “As Sentinelas da Natureza” (poema)

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O Casal de Seriemas do Alto da Cerca (conto); “As Sentinelas da Natureza” (poema)




O Casal de Seriemas do Alto da Cerca


Todas as manhãs, bem cedo, céu ainda meio sonolento, o silêncio do sítio era quebrado por cantos altos, estridentes e ritmados, cantos de alerta e mistério. Vinham sempre juntas, andando com elegância com suas longas pernas, passos leves e firmes, voando antes para a parte alta cerca de madeira, parecendo observar o mundo ao redor. Eram duas - um casal de seriemas, com penas macias, penachos orgulhosos na cabeça e olhos atentos.


O dono do sítio, já acostumado com a visita, deixava sempre punhados de milho no chão próximo ao galinheiro. As seriemas não se misturavam às galinhas. Eram livres - observadoras, donas de outro tempo, mas sabiam que ali havia fartura. Comiam com calma, vez ou outra trocando um olhar ou uma nota musical, como se combinassem o plano do dia. As galinhas já conheciam as visitantes e não se assustavam mais. Cada uma comia do seu lado, numa amizade silenciosa.


Antes de partirem, as seriemas sempre paravam no alto da cerca de madeira, como quem sobe num palco para contemplar a vida. Bem quietinhas, observavam um dos bairros da cidade logo abaixo. Havia algo naquele horizonte de casas coloridas e ruas silenciosas que parecia prendê-las por alguns minutos. Talvez memórias, talvez simples curiosidade. Mas aquele momento era sempre o mesmo: o casal de seriemas no alto, em silêncio, diante da cidade então já barulhenta.


As seriemas olhavam para a cidade como se estivessem pensando:
“Será que é legal viver lá embaixo?”
Ou talvez só gostassem de ver o movimento, como quem assiste a um desenho antes de ir brincar. Talvez a lembrança de um ninho distante. Talvez só curiosidade de ave. Mas havia uma pausa ali - um silêncio que falava.


Depois, sem pressa, as seriemas voavam para o chão, davam um passo, depois outro, e iam embora para o campo, onde moravam de verdade e onde caçavam insetos, pequenas presas e aproveitavam a liberdade da natureza. 

Voltariam no dia seguinte, e no outro também.


O dono do sítio já sabia: enquanto houvesse milho e carinho, as seriemas da cerca alta de madeira sempre voltariam, alegrando as manhãs com seus lindos cantos. E assim seguia a rotina do casal de seriemas do alto da cerca, com olhos de vigia e corações de liberdade. A natureza agradecia.


Curiosidades


A seriema é uma ave terrestre, nativa do Brasil, conhecida por sua forma esguia e elegante, com pernas e pescoço longos, suas características mais marcantes, que a ajudam a se locomover rapidamente e a saltar em busca de alimento. A cauda longa da seriema ajuda a equilibrar o corpo durante a corrida e a voar por curtas distâncias. A plumagem da seriema é cinza-amarelada, com finas riscas escuras, que servem como camuflagem. O bico vermelho da seriema é forte e curvo, usado para agarrar e comer presas. 


A seriema possui um penacho na cabeça, que é um tufo de penas que se ergue durante o canto e em momentos de demonstração ou quando estão alertas. A seriema é conhecida por seu canto alto e estridente, que pode ser ouvido a grandes distâncias. As vezes são vistas andando nas zonas suburbanas de muitas cidades brasileiras.


(Marcos Alves de Andrade)



Abaixo, o Poema, criado por inteligência artificial, inspirado no conto "O Casal de Seriemas do Alto da Cerca”.


As Sentinelas da Natureza


No silêncio ondulante das manhãs nubladas,
surgia o casal de seriemas — altivas, aladas.
Vinham com a dança dos ventos no peito,
pisando a terra com um passo perfeito.


Sabiam do trato que o homem fazia:
milho às galinhas, migalhas de poesia.
Comiam em pares, com olhos de alvorada,
e cantavam ao céu como alma encantada.


Mas era na cerca, de tábuas cansadas,
que faziam morada por breves jornadas.
Ali paravam, de frente ao bairro adormecido,
como se escutassem um sonho antigo.


Casas baixas, cores suaves, ruas quietas —
havia nelas uma paz que prendia os poetas.
As seriemas olhavam, sem pressa, sem dor,
como quem vê na distância um antigo amor.


Depois partiam, sumiam na amplidão,
com o campo no bico e o céu no coração.
E o homem do sítio, de olhos serenos,
sabia que voltariam, fiéis e amenos.


E assim, dia após dia, em céu ou sereno,
cantavam as seriemas, sentinelas do terreno.

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